Privacy & Cookies
Este site utiliza cookies. Ao continuar, concorda com a sua utilização. Saiba mais, incluindo como controlar os cookies.
Este artigo foi escrito numa altura em que eu era muito menos sábio. Quando uma obra de arte nos move, é difícil imaginar que a mesma obra possa ter magoado outra pessoa. Na minha ânsia de defender o Silêncio dos Cordeiros, não fui solidário com aqueles que se sentiram ameaçados por este filme. Fiz mal em fazê-lo e apresentei as minhas sinceras desculpas. A verdade é que as pessoas transexuais têm sido negligenciadas nas artes há demasiado tempo, e ao perceber que tentei ESCREVER UM PEDIDO SEGUINTE QUE OFERECE MAIS UMA ORA SIMPATÉTICA A ESTA CRÍTICA DO FILME. O Silêncio dos Cordeiros continua a emocionar-me e a emocionar-me como a muitas pessoas, mas isso não é desculpa para nenhum de nós ignorar críticas válidas a este aspecto profundamente perturbador do filme. Uma vez os cordeiros em silêncio, talvez possamos todos tentar ouvir um pouco melhor.
Silêncio dos Cordeiros não é estranho à controvérsia. Embora aclamado pela crítica no seu lançamento, o filme foi acusado de perpetuar estereótipos negativos de gays e transexuais devido à caracterização de Jame Gumb, o assassino em série caçado pela agente do FBI Clarice Starling. Isto culminou num protesto maciço nos Óscares na noite em que Silêncio levou para casa os cinco principais prémios da noite. De acordo com Ted Levine, o actor que interpretou Gumb, estas são leituras superficiais da sua personagem.
O CONTROVERSY
Para compreender a controvérsia, basta olhar para o personagem Jame Gumb. No filme, Gumb é um assassino em série que rapta mulheres com excesso de peso a fim de as esfolar, formando assim um “fato de mulher” para poder mudar a sua identidade. Após cada assassinato, Gumb, conhecido pela imprensa como ‘Buffalo Bill’, coloca um mês na garganta das suas vítimas a fim de assinar o seu trabalho, e simboliza o seu desejo de mudança. No seu rasto está Clarice Starling, uma agente do FBI que deve contar com a ajuda do assassino em série Hannibal Lecter, a fim de encontrar o psicopata.
Gumb tem um Bichon Frise branco chamado Precious, dança à volta usando roupas de mulher e um escalpe, e teve uma relação homossexual com pelo menos um homem no seu passado. Na superfície, parece bastante óbvio que o personagem é um estereótipo negativo da comunidade LGBT. No entanto, os fabricantes de cordeiros rejeitam estas alegações. O actor Ted Levine que interpretou Gumb, teve uma interpretação muito diferente da personagem ao fazer o filme.
TED LEVINE
Ted Levine teve numerosos sucessos ao longo da sua carreira, tais como o seu papel regular na série de sucesso Monk, mas muitos ainda chamam Silence of the Lambs ao seu feito mais notável. Levine falou extensivamente sobre a sua preparação para o papel no documentário de 2003 ‘Inside the Labyrinth’: The Making of Silence of the Lambs, onde esclareceu que nunca interpretou a personagem como gay.
Há muito flack sobre ele ser gay. Nunca o interpretei como sendo gay.
Levine fez muita pesquisa em preparação para o seu papel, lendo em vários dos assassinos em série que inspiraram Buffalo Bill no romance. Em particular, interessou-se por Ed Gein e Jerry Brudos, ambos esfolando as suas vítimas. Isto pesou muito sobre Levine, que ainda é abalado por estas coisas anos mais tarde.
p> Tive muito tempo para trabalhar na parte antes de começarmos a filmar. Li uma grande quantidade de material sobre assassinos em série. Não foi um processo nada divertido. Vivi com muitas imagens de que ainda me lembro.
Tambem em preparação para o papel, Levine fez investigação sobre a comunidade gay e transexual, e foi aqui que o seu papel começou realmente a tomar forma. Levine começou o seu trabalho indo a bares frequentados por travestis e pessoas em fase de transição. Enquanto lá esteve, ele disse ter sido atingido por uma epifania. Jame Gumb não estava lá.
encontrei-me com imitadores femininos. Fui a alguns bares muito interessantes olhando e falando com as pessoas sobre um lado da vida com o qual não estou familiarizado. E cheguei à conclusão de que nada disso tinha realmente a ver com isto. Se o tipo fosse gay, estaria a matar e mutilar rapazes e homens e estava a matar mulheres.
Conhecendo que a comunidade LGBT nada teve a ver com o seu carácter, Levine partiu para procurar um novo ângulo para o interpretar, insistindo em não interpretar a personagem como gay. Em vez disso, tentou interpretar a personagem como alguém que desprezava os homossexuais e transexuais, num esforço para mascarar as suas próprias inseguranças.
A posição que tomei foi mais de um homem heterossexual agudamente homofóbico a fazer aquela coisa zombeteira. Eu meio que aceitei que ele estava a imitar a forma como a sua mãe poderia ter falado com o poodle. Ao ouvir aquela voz, de certa forma, ele está a falar sozinho. O seu poodle interior, por assim dizer. A outra coisa que ele não é é um travesti ou um transexual. Ele estava a brincar com estas ideias e experimentou um monte de personas, e ficou viciado nesta ideia de vestir a pele de uma mulher.
P>P>P>P>Posto isto, as preocupações eram grandes no cenário, em particular do director Jonathan Demme, que muitos interpretariam mal a personagem como um ataque a pessoas LGBT. Ele falou longamente com Ted Levine sobre estes receios, que Levine recorda na sua entrevista.
Ele também estava assustado com a coisa gay, e eu disse “Não te preocupes. Isto não é uma personagem gay”. Não quer bater aquele cliché do filme sobre a cabeça do homossexual mineiro.
Levine manteve essa foi a posição que tomou com Gumb, mas ainda assim disse que compreende como a sua caracterização foi mal interpretada. No passado, ele estendeu a mão a membros da comunidade para oferecer emendas.
P>As pessoas levaram-na realmente a peito e ficaram ofendidas por ela. Falei com pessoas cujos sentimentos ficaram feridos com a caracterização que fiz, e peço desculpa por isso.
THE STORY ITSELF
Existe a posição de Ted Levine, e talvez ninguém conheça melhor a personagem do que ele e o escritor Thomas Harris. Mas e o filme em si? Mais elaboração sobre os antecedentes de Gumb estava no livro que esclareceu que ele não era de facto gay ou transgénero, mas sim fazendo-se passar por um só. Tanto no romance como em várias cenas recortadas do filme, Crawford fala com um médico, o Dr. Danielson, numa clínica de reafectação enquanto segue uma pista. No romance, o Dr. Danielson refere-se aos transexuais como pessoas decentes. Crawford concorda, e responde da seguinte forma.
A ideia geral é, o homem que queremos não é seu paciente. Seria alguém a quem recusou porque reconheceu que ele não era transexual.
Estas cenas foram condensadas no argumento original, tornando Jack Crawford mais conflituoso durante a reunião. Finalmente, foram cortadas do filme final para dar mais espaço à história de Clarice. O argumentista Ted Tally afirmou que era para tentar manter o filme o mais possível da perspectiva de Clarice. Como tal, estes e outros subquadros do servidor foram cortados, incluindo Crawford lidando com a morte iminente da sua esposa devido a uma doença terminal.
Acabámos por ter de perder referências à sua infância (de Gumb) e à forma como se tornou esta criatura retorcida que é, o que foi lamentável. Ele torna-se algo como uma cifra no filme. Não tão rico como está no livro. Mas é um livro de 375 páginas. Não se pode salvar tudo.
Esta deixou os cinéfilos com apenas vislumbres da psique danificada do homem. Ainda assim, alguns momentos significativos que esclarecem isto são deixados no filme, principalmente durante as sequências entre Lecter e Starling. A própria Starling ofereceu este pensamento enquanto falava com Lecter.
Não há correlação na literatura com transexualismo e violência. Os transexuais são muito passivos.
Talvez a melhor citação para ilustrar isto venha do próprio Hannibal. O médico canibalista responde rejeitando liminarmente a ideia de Buffalo Bill, a quem se refere como Billy, como um transexual.
Billy não é um transexual real. Mas ele pensa que é. Ele tenta ser. Ele tem tentado ser muitas coisas, espero.
O objectivo das cenas com Lecter e Starling é ajudar o público, e a própria Starling, a compreender melhor o vilão. Muito cedo, ele sendo transgénero é totalmente descartado, razão pela qual o filme nunca mais se dirige a ele. Isto também revela muito sobre o caso de Gumb com Benjamin Raspail. Hannibal afirma que Gumb tem tentado ser muitas coisas. Com Raspail, ele tentou ser gay. Quando isso não o transformou como ele esperava, assassinou o Raspail em retaliação. Gumb não era um verdadeiro homossexual, mas estava a tentar sê-lo devido ao seu intenso ódio a si próprio, um ódio a si próprio que acabou por se manifestar de formas profundamente sinistras.
Observando o filme, descobre-se que a casa de Gumb está repleta de exemplos da parafernália nazi. Este pedaço de direcção, facilmente perdido numa primeira visualização, revela mais da psicose de Gumb. Os nazis, como muitos grupos de superioridade racial, radicalizam as pessoas ao visarem indivíduos inseguros. Mensagens de empoderamento teriam apelado a alguém como Gumb, e este teria sido outro capítulo da sua vida em que ele tentou mudar a sua identidade. Sabia-se que os nazis esfolavam as suas vítimas, o que pode ter servido de inspiração para a transformação de Gumb em Buffalo Bill. Quando ele não se pode capacitar com tais métodos, recorre à posse das suas vítimas. Transformá-las num fato é a derradeira forma como ele as desumaniza. Ted Levine esclarece novamente que foi assim que desempenhou o papel.
Ele queria o poder que percebe que uma mulher possui. “Quero-te, por isso vou ter-te”. Vou ter-te completamente, vou esfolar-te e rastejar dentro de ti.’
LEGACIA DOS LAMBOS
Apesar de aclamada, a má interpretação do personagem Jame Gumb tem sido uma espécie de flagelo para o legado do Silêncio dos Cordeiros. Jodie Foster, ela própria uma lésbica, tinha isto a dizer.
O nosso filme foi atirado para o Instinto Básico onde alguns dos grupos mais activistas sentiram realmente que retratava uma personagem gay como sendo psicopata, e que o público ficaria confuso em acreditar que se fosse homossexual ou transexual, isso deve significar que é um assassino em série. Penso que desapareceu do legado do filme porque, numa inspecção posterior, penso que as pessoas se aperceberam realmente que foi uma espécie de leitura superficial do filme.
Foster está, naturalmente, correcto. Na superfície, Jame Gumb pode parecer um dos ataques mais monstruosos à homossexualidade e ao transgénero alguma vez filmado, mas apenas com um olhar. Olha um pouco mais fundo e Gumb é revelado como um indivíduo perigosamente perturbado que vê superficialmente a identidade sexual e de género como formas de se poder transformar. Gumb é uma personagem complexa interpretada soberbamente pelo actor Ted Levine para criar um dos vilões mais assustadores do cinema. Concentrando-se em Gumb também sente falta do conto moral no centro do filme, um de uma mulher que castiga um homem perverso que transforma mulheres em objectos que pode manter.
p>Não se esqueça de verificar também estas outras peças com temas de horror por alguns dos nossos principais colaboradores!p>Maidens & Maníacos: Empoderamento Feminino no Género Slasher
Porquê ‘Ghostbusters’ Foi um Filme de Terror
/div>