Se há um cubano que cada visitante deve conhecer, é José Martí. Ele dedicou grande parte da sua vida a libertar Cuba de Espanha, morrendo como mártir pela causa em 1895. A revolta que ajudou a organizar continuou, e sete anos mais tarde Cuba conseguiu a independência.
Para além do seu papel central nas lutas pela independência, José Martí era também um escritor muito estimado, escrevendo uma gama diversificada de ensaios, um romance e grandes colecções de poesia. É por isso celebrado não só pelas suas actividades de luta pela liberdade, mas também pela proeza da sua escrita e pelas suas ideias intelectuais sobre democracia e liberdade. Apesar de ter morrido há mais de 120 anos, as suas palavras ainda são frequentemente citadas na vida quotidiana em Cuba, sejam citações inspiradoras pintadas nas paredes, ou palavras de sabedoria sobre a vida partilhada entre amigos e família.
Quando chegar a Cuba, nunca estará longe de José Martí. O seu rosto pode ser visto em cartazes, outdoors, estátuas, pinturas murais, capas de livros e até t-shirts. Se estiver a voar para Havana, notará que o aeroporto também tem o seu nome. De facto, ele é tão omnipresente que faz um grande jogo para as crianças “contar quantas vezes se vê José Martí num dia”!
José Marti Walking Tour
É possível dar um passeio encantador pela Havana Velha e descobrir muitas coisas relacionadas com José Martí. Seguir este percurso:
Comece no Museo Casa Natal de José Martí (Museu do Local de Nascimento José Martí). Este é um bom local para começar, pois foi a casa onde José Martí nasceu. Está situada perto da estação de comboios e de partes da antiga muralha da cidade. Uma habitação relativamente humilde, tem sido um museu desde 1925 e inclui uma multiplicidade de artefactos relacionados com a vida de Martí.
Ao sair da sua casa de nascimento, caminhe ao longo da Avenida de Bélgica durante seis quarteirões na direcção oposta da estação de comboios. Vire à esquerda quando chegar a Máximo Gómez e caminhe um quarteirão. Nota: Máximo Gómez foi um líder militar chave na luta pela independência, que se juntou a José Martí no início da Guerra da Independência cubana em 1895.
Vire à direita para Agramonte e ande um quarteirão. Quando chegar à esquina de Agramonte e Dragones deverá ver um esplêndido teatro à sua frente. Este é o Teatro Martí. Construído em 1884, foi renomeado em homenagem a José Martí, em 1900, cinco anos após a sua morte.
Vire à esquerda para Dragones e caminhe um quarteirão até chegar à estrada principal. Esta larga estrada chama-se oficialmente Paseo de Martí, embora os habitantes locais ainda lhe chamem pelo seu antigo nome, Paseo del Prado. Deve ver o enorme edifício do Capitólio à sua frente, à direita. Hoje este edifício é uma parte icónica da cidade, embora valha a pena notar que ao contrário de muitos dos edifícios por onde passou até agora no seu passeio, este não fazia parte da Havana de Martí, tendo sido construído nos anos 20.
Vire à direita e caminhe ao longo do Paseo de Martí durante dois quarteirões até chegar ao Parque Central. Este parque contém uma magnífica estátua em mármore de José Martí. Esta foi a primeira estátua de sempre dedicada a ele num local público em Cuba, tendo sido erigida em 1905 para assinalar o décimo aniversário da sua morte. Substituiu uma estátua da rainha espanhola Isabel II. Olhe à sua volta e notará que a estátua está rodeada por 28 palmeiras. Estas representam a data do nascimento de José Martí, 28 de Janeiro.
Encontrará também oito peças de cantaria em forma de caixões. Estes representam os oito estudantes de medicina que foram inocentemente mortos pelas forças espanholas em 1871 durante a Guerra dos Dez Anos. Essa guerra mudou tudo para José Martí. Com apenas 16 anos de idade, ele foi levado a fundar um jornal, e meses mais tarde foi preso por algumas palavras anti-coloniais que tinha escrito a um amigo. Foi preso, forçado a fazer trabalhos forçados acorrentados, e eventualmente exilado para Espanha, com a idade de 18 anos, durante sete anos.
Do Parque Central, caminhe quatro quarteirões ao longo de Agramonte, na direcção oposta à Capitólio, até chegar a Colón. À sua frente, à direita, encontra-se o Museo de la Revolución (Museu da Revolução). A grande entrada é um quarteirão mais à frente, no Refúgio. Embora este museu se concentre muito na Revolução Cubana de 1953-1959, tem também uma secção inteira sobre o Partido Revolucionário Cubano que José Martí ajudou a fundar, e a liderar, no século XIX. Tendo iniciado a sua viagem à terra natal de Martí, este é o local perfeito para aprender mais sobre o fim da vida de Martí, e o que aconteceu na luta pela independência nos anos que se seguiram à sua morte. Há também um busto de José Martí na grande escadaria, que ainda tem buracos de bala de um ataque falhado contra o presidente em 1957.
Nota, enquanto esta caminhada inclui muita da história relacionada com José Martí, este é apenas o começo. Um local definitivamente imperdível é a Plaza de la Revolución. É uma das maiores praças públicas do mundo, e no centro está o Memorial José Martí, que inclui uma torre de 138 metros com um miradouro, uma estátua de mármore de 17 metros de José Martí e um museu dedicado à sua vida. E se ainda quiser mais, consulte o Museo Fragua Martiana, outro museu centrado em José Martí que foi criado no local da pedreira onde foi obrigado a fazer trabalhos forçados aos 16,
Outra forma de conhecer José Martí é lendo algumas das suas obras, muitas das quais foram traduzidas para inglês e estão amplamente disponíveis. José Martí pode ser um canal útil para a conversa. Se estiver a ficar sem coisas para conversar, digamos, com o seu vizinho no avião, estas citações de José Martí podem desencadear horas de conversa fiada:
“Um apetite insaciável pela glória leva ao sacrifício e à morte, mas o instinto inato leva à autopreservação e à vida”. – José Martí
“O homem tem de sofrer. Quando não tem aflições reais, ele inventa algumas”. – José Martí
“A felicidade existe na terra, e é conquistada através do exercício prudente da razão, do conhecimento da harmonia do universo, e da prática constante da generosidade”. – Jose Martí